Por G1 Piracicaba e Região


A Justiça de Americana (SP) informou nesta quarta-feira (15) que aceitou o pedido da Polícia Civil e prorrogou por mais 30 dias o prazo para conclusão do inquérito que apura denúncias contra o bispo da Diocese de Limeira (SP) e o padre da Basílica de Americana. O caso é investigado pela Delegacia Seccional de Piracicaba (SP).

A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) informou que é de praxe a concessão de novo prazo para término da investigação até que o Ministério Público (MP-SP) consiga ter convicção sobre o caso.

Segundo as denúncias, o bispo de Limeira teria pedido valores que chegam a R$ 50 mil para uso em propriedades particulares. Já o padre é investigado por denúncias de, pelo menos, quatro abusos sexuais.

Vaticano apura denúncias de extorsão e coação por bispo de Limeira — Foto: Reprodução/EPTV

Ricardo foi suspenso da função de pároco da Basílica Santo Antônio de Pádua, em Americana, após o início das apurações.

O advogado de Ricardo, Paulo Sarmento, afirmou que a prorrogação é um procedimento corriqueiro em um inquérito policial. O advogado Virgílio Ribeiro, que representa o bispo não foi encontrado nesta quarta. Na data em que a polícia pediu a prorrogação, afirmou que se manifesta durante o inquérito.

Desvios e extorsão

Dom Vilson é investigado por três inquéritos, sendo um na Seccional de Piracicaba (que foi transferido da Seccional de Americana) e outros dois em Limeira e Araras.

Na apuração da Seccional de Limeira, o resultado foi um inquérito de mais de 300 páginas que cita diversas denúncias de extorsão para enriquecimento ilícito.

Em um dos casos, de 2012, um então integrante do conselho consultivo de uma igreja em Americana afirma em depoimento que um pároco, na época, disse aos conselheiros que o bispo dom Vilson pediu a doação de R$ 50 mil. Ele deu a entender que aquela quantia era para uso particular, insinuando que seria para compra de um imóvel.

O conselho não autorizou a doação, já que era para uso particular. O padre confirmou em depoimento à polícia que, por causa da negativa da igreja, o bispo pediu a contribuição dos R$ 150 mil para obras na Diocese de Limeira – ameaça que ele tinha feito caso não conseguisse a doação.

Em outra denúncia de extorsão, em 2015, o bispo dom Vilson teria pedido R$ 4 mil a um padre de uma paróquia em Artur Nogueira (SP). O padre disse, em depoimento, que o dinheiro era para construir um poço artesiano na casa de praia de dom Vilson, em Itanhaém (SP), na baixada santista.

Dom Vilson entregou documentos para o inquérito da polícia que confirmam que ele comprou dois imóveis no litoral sul de São Paulo nos últimos quatro anos no valor de mais de R$ 1 milhão.

Em depoimento, ele alegou que tudo foi comprado com dinheiro que vem do patrimônio da família dele e com recursos que ele recebeu das atividades religiosas, e também do salário que recebe da Diocese, R$ 12 mil por mês.

Em nega a extorsão, e afirma que recebeu os R$ 4 mil de doação porque estava em dificuldades financeiras. Sobre o pedido de R$ 50 mil, ele alegou que o padre que fez a denúncia teria pedido várias vezes para ser afastado porque estava doente, mas exigiu que o substituto fosse alguém indicado por ele.

Ao ter o pedido negado, o padre começou uma série de denúncias infundadas junto ao Vaticano.

Abusos sexuais

A polícia também apura denúncias de que dom Vilson teria acobertado crimes de assédio que teriam sido cometidos pelo padre de Americana, Pedro Leandro Ricardo.

Padre Pedro Leandro Ricardo — Foto: Clayton Padovan

O Jornal O Globo divulgou relatos de quatro ex-coroinhas que teriam sido vítimas do religioso entre 2002 e 2003, quando eram menores de idade. Os depoimentos apontam assédio sexual, e que o religioso agia sempre da mesma forma, com o costume de oferecer presentes em troca do silêncio das vítimas.

A Polícia Civil investiga os casos com três inquéritos. Além dos instaurados em Limeira e Americana, há outro na Delegacia de Araras. Todas as investigações correm em segredo de Justiça.

Nos dois casos, os religiosos também são investigados pela própria Igreja Católica. Um bispo brasileiro foi designado pelo Vaticano para apurar as denúncias. Um relatório foi encaminhado para a Nunciatura Apostólica do Brasil, que remeteu à Congregação dos Bispos.

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