Santo Agostinho

Desceu até nós a nossa vida, a vida verdadeira; tomou sobre si a nossa morte para matá-la com a superabundância de sua própria vida. E com voz de trovão chamou para que voltássemos a ele, ao lugar inacessível de onde veio até nós, entrando primeiro no ceio da Virgem para unir-se à natureza humana, à carne mortal, para torná-la imortal; e de lá, “como esposo que sai da câmera nupcial, exulta, como um herói, para percorrer o caminho”. (Salmo 18,6" href="//www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/salmos/18/#.UnZjW5R4Zpt">Sl 18,6) Não se deteve, mas correu, clamando com palavras, com obras, com a próxima morte, com a vida, com a descida aos infernos, com a ascensão, para que retornássemos a ele: para isso havia descido, e para isso tornou a subir e desapareceu da nossa vista para que entremos no coração e aí o encontremos. Partiu, de fato, mas ei-lo aqui. Não quis estar conosco muito tempo, mas não nos abandonou. Partiu para o lugar de onde nunca se retirou, “porque o mundo foi feito por ele, e ele estava neste mundo, (Jo 1,10) e veio a este mundo para salvar os pecadores”. (1Tm 1,15" href="//www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/i-timoteo/#.UnZjzZR4Zps">1Tm 1,15) É a ele que se confessa minha alma; é ele quem lhe dá a cura, porque foi contra ele que ela pecou. (Sl 41,5)

“Ó homens, até quando sereis duros de coração?” (Salmo 4,3" href="//www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/salmos/4/#.UnZkGZR4Zps">Sl 4,3) Será possível que, depois que a vida desceu sobre a terra, não queirais subir e viver? Mas, para onde subis, se já estais no alto, abrindo a boca contra o céu? (Salmo 72,9" href="//www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/salmos/72/#.UnZkR5R4Zpt">Sl 72,9) Descei, a fim de subirdes para Deus, pois caístes elevando-vos contra ele!

Dize estas coisas a ele, ó minha alma, a fim de que chorem neste vale de lágrimas, leva-os assim contigo até Deus: pois é o Espírito de Deus que te inspira essas palavras, se as pronuncias ardendo no fogo da caridade.

Fonte: “Confissões” de Santo Agostinho