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A TRADIÇÃO CATÓLICA

A Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos Apóstolos, e que chegou sem alteração, de século em século, por meio da Igreja, até nós. Os ensinamentos da Tradição acham-se principalmente nos decretos dos Concílios, nos escritos dos Santos Padres, nos atos da Santa Sé, nas palavras e nos usos da Sagrada Liturgia. A Tradição deve ter-se na mesma consideração em que se tem a palavra de Deus contida na Sagrada Escritura, pois as verdades que Deus revelou acham-se na Sagrada Escritura e na Tradição. (Catecismo Maior de São Pio X)

RECADO DE SÃO VICENTE DE LÉRINS

São Vicente de Lérins.“Perguntando eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar segura para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o duplo auxílio divino: primeiro, com a autoridade da lei divina e segundo com a tradição da Igreja católica. Ao chegar a este ponto, talvez pergunte alguém: sendo perfeito como é o cânon das Escrituras e suficientíssimo por si só para todos os casos, que necessidade há de se acrescentar a autoridade da interpretação da Igreja? A razão é que, devido à sublimidade da Sagrada Escritura, nem todos a entendem no mesmo sentido, mas cada qual interpreta à sua maneira as mesmas sentenças, de modo a se poder dizer que há tantas opiniões quantos intérpretes. De uma maneira a expõe Novaciano, diversamente Sabélio, Donato, Ário, Eunômio, Macedônio; de outra forma Fotino, Apolinário, Prisciliano; de outra, ainda, Joviniano, Pelágio, Celéstio ou Nestório. Portanto, é necessário que, em meio a tais encruzilhadas do erro, seja o sentido católico e eclesiástico o que assinale a linha diretriz na interpretação da doutrina dos profetas e apóstolos. E na própria Igreja Católica deve-se procurar a todo custo que nos atenhamos ao que, em toda a parte, sempre e por todos foi professado como de fé, pois isto é próprio e verdadeiramente católico, como o diz a índole mesma do vocábulo, que abarca a globalidade das coisas. Ora obte-lo-emos se seguirmos a universalidade, a antigüidade e o consentimento. Pois bem: seguiremos a universalidade se professarmos como única fé a que é professada em todo o orbe da terra pela Igreja inteira; a antigüidade, se não nos afastarmos do sentir manifesto de nossos santos pais e antepassados; enfim, o consentimento, se na mesma antigüidade recorrermos às sentenças e resoluções de todos ou quase todos os sacerdotes e mestres”.

São Vicente de Lérins, +450, Comonitório.

“TRADICIONALISTA!”

Padre Fernando Arêas Rifan

NOTA: Para quem não conhece o autor do texto abaixo, trata-se de Dom Fernando Arêas Rifan, bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney. O escrito é representativo da antiga “face” do prelado, isto é: de quando era apenas um padre “excomungado” por Roma e pregava, na região norte fluminense, à sombra do leão da fé Dom Antônio de Castro Mayer, nos passos de Dom Marcel Lefebvre, os ensinamento milenares da Igreja. Outra é a face atual de Dom Rifan. Recebendo báculo e deixando a Santa Fé, hoje, contrariando o verdadeiro Magistério da Igreja, apóia tudo o que antes condenara: o Novus Ordo Missae, o ecumenismo, a liberdade religiosa, a colegialidade, dentre outros erros propalados por Vaticano II. Deixamos o texto abaixo, como sinal de grande e oportuna confusão e temor, além de boa definição do que nós, católicos apostólicos romanos, queremos e esperamos seguir até a morte.

“Tradicionalista” é o católico apostólico romano, fiel à Tradição católica, isto é, à doutrina, à moral, à liturgia tradicional da Igreja de sempre.

Este termo “tradicionalista” não significa retrógrado, antiquado, oposto ao progresso, radical, fundamentalista, avesso às sadias novidades, ou qualquer coisa parecida. Aliás, “Tradição” significa progresso, só que na mesma linha do passado. É um processo contínuo, ligado ao que o antecedeu, um enriquecimento, uma soma do passado com o presente que lhe é similar, enfim, um crescimento, como o de uma árvore ou de uma pessoa.

Esta palavra foi consagrada pelo Papa São Pio X, na sua carta encíclica “Notre charge apostolique”, quando disse: “Os verdadeiros amigos do povo não são os inovadores, mas os tradicionalistas”.

Como a Igreja Católica não é só de hoje, ou de 30 anos para cá, mas é de ontem, de hoje e de sempre, a conclusão lógica é que a Tradição é algo essencial à Igreja Católica. Tradicionalismo não é um partido ou um movimento dentro da Igreja: é o catolicismo como tal. E único. Ser católico fiel a Tradição, ou tradiconalista, não é um dos modos de ser católico; é o único modo de ser católico. Aliás, dizer católico tradicionalista vem a ser até um pleonasmo, uma repetição que nem se precisa dizer, mas que hoje se faz necessária já que muitos hoje se dizem católicos mas rejeitam a Tradição multissecular e perene da Santa Igreja, e por isso já não são mais verdadeiros católicos de fato.

Mas há vários modos de ser ou se tornar católico tradicionalista:

Tradicionalista por saudosismo: saudade do passado.
Tradicionalista por sentimento: “eu me sinto melhor assim!”
Tradicionalista por tradição: avós, pais, família…
Tradicionalista por simpatia: “eu me simpatizo com a Tradição e tenho amigos lá…”
Tradicionalista por imposição: pais, família, namorada, emprego…
Tradicionalista por obediência: pais, patrões, superiores…
Tradicionalista por companheirismo: amigos…
Tradicionalista por proximidade: “a igreja fica perto de minha casa…”
Tradicionalista por política: para angariar votos…
Tradicionalista por escândalo: escandalizado pelas loucuras que viu no progressismo…
Tradicionalista por interesse: conseguir emprego, namorada, etc.
TRADICIONALISTA POR CONVICÇÃO: por causa da doutrina e, em conseqüência, da liturgia tradicional, do respeito e da seriedade que a acompanham.

É claro que, mesmo que se tenha vindo para Tradição por qualquer um dos modos acima, o único modo verdadeiro e digno deste nome é o último. Só por convicção pela doutrina é que você será um verdadeiro tradicionalista, isto é, um verdadeiro católico apostólico romano, da Igreja de sempre de Nosso Senhor.

(Ontem Hoje Sempre, Campos, abril-maio de 1999, nº 52)

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