Sobre anti-clericalismo na TFP – Plinio Corrêa de Oliveira

 

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26-01-1985 CCEE Auditório com mais de 1500 pessoas

Não mencionado diretamente, Dom Antônio de Castro Mayer teve suas acusações refutadas, pois ao romper com a TFP em 1984, chamou-a de desobediente à hierarquia. Três anos depois, em ato público de desobediência à hierarquia nas sagrações de Êcone, D. Mayer foi excomungado junto com D. Marcel Lefebvre.

TRANSCRIÇÃO: https://cruciferos.wordpress.com/2020/07/26/sobre-anti-clericalismo-na-tfp-plinio-correa-de-oliveira

Áudio editado SEM GRITINHO JOANISTA, COMO TUDO NO CANAL.

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Significado das Siglas https://cruciferos.wordpress.com/significado-das-siglas-das-fontes/

Santa Bibiana, rogai por nós!

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Uma piedade que para sobreviver precisa fazer uma idéia falsa da Igreja, esta é uma falsa piedade, evidentemente. De maneira que, de vez em quando, é preciso referir coisas dessas.

Quando elas se tornam freqüentes numa época, é preciso dizer que elas são freqüentes. E quando acontece que maus lobos podem fazer mal para as ovelhas, eles são lobos que estão disfarçados com pele de ovelha, a gente tem que puxar a pele de ovelha e gritar: “Este é um lobo”.

Nos anos 40 começou a atual crise religiosa no Brasil. Ela já tinha começado na Europa, começou a fazer-se sentir no começo dos anos 40 no Brasil. Essa crise religiosa vem descrita num livro que a notícia e a documenta inteiramente, e contra a qual tudo se sussurrou e nada se escreveu, porque não houve coragem para isso. Esse livro se chamou: “Em Defesa da Ação Católica” e o autor tem o prazer de lhes dirigir a palavra, neste momento.

Nesse livro, o erro essencial que nós denunciávamos era o seguinte: a nova corrente sustentava que a Ação Católica era independente do clero; que os presidentes da Ação Católica dirigiam a ação católica, mas que o clero tinha só a função de uma certa vigilância, porque tinha chegado a hora da maioridade dos leigos e que, por isso, era preciso emancipar os leigos do clero.

Como hoje há fazendeiros comunistas, havia naquele tempo padres que queriam a entrega e, mais do que padres, havia bispos favoráveis à diminuição e eliminação do poder do clero em favor dos leigos. E nós nos levantamos, aquela ocasião contra isto. Sofremos uma verdadeira perseguição a favor do seguinte princípio, enunciado no livro  claramente, com uma citação de S. Pio X: que a Igreja é uma sociedade de desiguais, que Ela é constituída da Hierarquia e dos fiéis. A Hierarquia constitui na Igreja a parte docente, governante e santificante  –  os fiéis constituem a parte discente, governada e para ser santificada. Esse caráter hierárquico da Igreja era  exatamente o traço que se queria apagar.

Como se pode, depois da TFP ter entrado num verdadeiro ostracismo porque defendeu essa tese  –  a TFP… aquele que um dia seria o fundador da TFP  –  como se pode então, razoavelmente, suspeitar esta organização de querer exatamente o contrário? Fingindo ignorar que na espinha dorsal da história da TFP está esta epopéia pela luta do princípio da hierarquia na Igreja Católica?

De 1943 a 1985 podem muitas coisas mudar, dirá alguém  –  “o Senhor pensou assim naquele tempo, mas depois não pensou assim…”  Minha resposta é: – Aponte uma linha, aponte uma palavra, aponte um gesto, aponte um fato que seja desmentido do que eu disse naquele tempo!

Na realidade, o que se passa é o seguinte: é que inúmeras vezes, diante da apatia de nosso bom povo, da credulidade de nosso bom povo, diante da indiferença com que ele ia se deixando levar pelo erro, diante do fato de serem poucos os eclesiásticos que lutavam contra isto que é uma devastação da Igreja…  –  Paulo VI falou da “fumaça de satanás” penetrando na Igreja, ele falou da autodemolição da Igreja.

O que é a autodemolição da Igreja senão a demolição da Igreja pela Hierarquia? A autodemolição da Igreja é a demolição da Igreja por si mesma. E ela é tão hierárquica que nunca ela faz alguma coisa quando sua Hierarquia não faz e, portanto, se há uma autodemolição são elementos de sua Hierarquia que a estão destruindo. Isto a TFP o denunciou e o denuncia.  Se isto é ser anticlerical, então, eu pergunto: o que é ser clerical? É fechar os olhos e permitir que essa demolição vá e destrua a Igreja e o clero? Isso é ser clerical? Francamente: onde está a cabeça?

 

* * *

(Pergunta: Qual a melhor resposta quando acusarem a TFP de anticlerical?)

Uma pergunta que vem mais adiante e que eu tenho medo de não chegar até lá e quero tratar da pergunta agora. Essa pergunta põe o seguinte:

“Que eu não sou anticlerical, mas que várias pessoas mais moças da TFP são anticlericais. Prova: é que essas pessoas têm indiferenças, tem agastamentos, tem dificuldades com sacerdotes tradicionalistas; então, se elas tem essas dificuldades com sacerdotes progressistas e também com sacerdotes tradicionalistas tem com o clero inteiro.”

Eu tenho vontade de rir diante de uma coisa dessas. Essa pessoa foi perguntar quais são esses sacerdotes tradicionalistas com os quais um ou outro jovem da TFP possa se ter mostrado agastado? Ela foi perguntar o que é que eles pensam da TFP e o que é que eles dizem da TFP?

Inexplicavelmente, alguns tantos dentre eles a quem reconheço o mérito de sua posição tradicionalista, a quem eu não acuso de nada, eu digo simplesmente que é inexplicável essa situação. E quando a gente diz de um homem que aquilo que ele faz e com que a gente não está de acordo é inexplicável, a gente faz de um modo direto um elogio, porque se ele não valesse nada era explicável. Então, eu digo que é inexplicável que tenham uma sanha anti-TFP cuja argumentação nunca me foi dado conhecer, nunca soube porquê.

Já me dispus várias vezes a um diálogo, à uma conversa, vamos ver porque, digam o que é que há  –  e a conversa não sai, o diálogo não sai. Na minha dificuldade de movimentos, eu me ofereci a ir, com a minha idade, à cidade aonde eles moram, a uma das principais cidades aonde eles moram, para conversar quando quiserem, indique a data! Não sei a coisa. A conversa não sai!

Eu falo com fogo, mas falo com calma. Estou medindo cada uma das minhas palavras e sei que elas correspondem ao que a minha mente e meu coração querem. É assim!

Agora, vem outro lado da questão  –  eu poderia a esse argumento responder à minha amável consulente o seguinte: esses tem toda a razão nisso? Um juízo muito severo a respeito dos costumes de nossos dias  –  costumes que são adotados por uma imensa maioria dos homens contemporâneos. É um dos traços bonitos da formação sacerdotal e da atuação sacerdotal deles a luta contra esses costumes contemporâneos. Está bom, eles lutam contra esses costumes contemporâneos de algo que, grosso modo, se poderia chamar (grosso modo, é claro!) a totalidade do laicato católico.

Depois, aparecem leigos que estão na posição oposta e procuram viver nos bons costumes ensinados pela Igreja Católica, eles são também contra. Então, eles são contrários ao laicato? Seria uma pergunta tão estúpida que eu nunca faria. Com o devido respeito, eu digo: eu não vejo razão de ser para a pergunta paralela se nós somos contrários ao clero. São perguntas que não tem sentido!