Retiro espiritual sobre as qualidades e deveres do cristão (Pe. Grou S.J.)

"Já que as pessoas devotas costumam fazer anualmente o retiro espiritual, não nos parece que lhes seja necessário meditar sempre sobre as mesmas verdades. Umas convêm em tal época da existência, outras em tal outra. As que Santo Inácio meditou logo após sua conversão, e do que se utilizou para seus exercícios espirituais, têm por principal escopo o retorno do pecador a Deus e a escolha dum estado de vida. Feito isso, uma vez que a alma se deu sinceramente a Deus e abraçou o estado ao qual se julgou chamada, que se aplica a cumprir fielmente com seus deveres, e, com o fim de se desempenhar deles do melhor modo, consagra cada ano uma semana aos exercícios espirituais, não lhe será mais conveniente e proveitoso escolher de preferência os temas de meditação que mais se adaptarem à disposição atual de sua alma e lhe favorecerem o progresso?

Estes temas, pela novidade, saberão prender-lhe a atenção e lhe causarão mais viva impressão. Nem há perigo que a alma, variando assim as matérias conforme as necessidades e o progresso do momento, consiga algum dia esgotar as que o próprio Evangelho nos fornece. O amor de Deus e do próximo, a fidelidade à graça, a renúncia a si mesmo, a humildade, o abandono, a Imitação de Jesus Cristo, a necessidade de carregar a cruz e a maneira de carregá-la, estes e outros muitos assuntos, minuciosamente expostos, aprofundados e adaptados às circunstâncias particulares de cada qual, podem fornecer, se forem tomados em separado, bastante matéria para entreter a alma durante oito dias. Os sacerdotes, os religiosos, e os simples leigos, encontrarão nas suas obrigações e, deveres de estado ampla matéria para considerações, afetos e resoluções apropriadas."